Mastite significa inflamação das glândulas mamárias, com diferentes etiologias. Caracteriza-se por alterações físicas, químicas e bacteriológicas, mas também pode estar associada a fungos, leveduras, algas, vírus, ou até mesmo relacionada com estímulo hormonal como a mastite neonatal: essa está relacionada ao estímulo hormonal persistente materno. A mastite puberal, relacionada aos efeitos de hormônios masculinos e femininos próprios da faixa etária.
Também temos os processos inflamatórios específicos como: tuberculose, sífilis, actinomicose e granulomatose, mas são menos frequentes.
Os agentes mais comumente envolvidos são o Staphylococcus aureus e Streptococcus dos grupos A e B.
Vamos voltar ao nosso foco que é mastite puerperal!
A gravidez e o período puerperal podem ser complicados pelo desenvolvimento de mastite lactacional, de origem infecciosa. A incidência é variável, 2.9% – 20%, principalmente nos seis meses após o parto, sendo que 75% dos casos acontecem nas primeiras sete semanas.
Os fatores de risco comumente associados são obstrução ductal, estresse, técnica de amamentação inadequada, ou qualquer fator que favoreça a estase láctea, ou seja, mamadas menos freqüentes ou menos regulares, longos períodos de sono da criança, especialmente à noite, uso de chupetas e mamadeiras, esvaziamento incompleto das mamas, criança com freio de língua curto, sucção débil, mulheres com produção excessiva de leite, separação mãe e bebê, desmame abrupto.
A estase de leite desencadeia aumento da pressão intraductal com conseqüente achatamento das células alveolares e com isso formação de espaços entre as células. Por este espaço passam alguns componentes do plasma para o leite induzindo resposta inflamatória, com envolvimento do tecido conjuntivo interlobular na maioria das vezes.
A perda da integridade do revestimento do mamilo facilita o acesso bacteriano ao tecido mamário. A presença de mamilos fissurados e/ou rachados expressa elevada colonização por S. aureus, favorecendo o desenvolvimento de mastites. Além da colonização bacteriana, mamilos escoriados e fissurados associados a dor aguda, na ausência de sinais inflamatórios, pode significar infecção fúngica por Candida albicans, sendo necessário realizar o tratamento com medicamentos antifúngicos.
Inicialmente há o surgimento de uma área de inflamação e endurecida com leve aumento de temperatura. Na evolução há piora da dor e desenvolvimento de edema e vermelhidão local, geralmente na segunda e terceira semana de lactação.
Para a diferenciação da mastite inflamatória da infecciosa recomenda-se realizar cultura de leite: ο Resultado: – 106 leucócitos + ≥ 103 bactérias/ml de leite = mastite infecciosa.
– 106 leucócitos + < 103 = mastite inflamatória.
– < 106 leucócitos + < 103 bactérias/ml de leite = estase láctea.
Sintomas sistêmicos, como calafrios, febre, fadiga e mal estar podem ocorrer. Se não for feito o tratamento antimicromiano adequado, o desenvolvimento de abscesso ocorrerá dentro de sete a dez dias.
Nos casos de mastite infecciosa, se possível, realizar a cultura do leite para determinar o agente causador.
TRATAMENTO
A grande dificuldade no tratamento com antibióticos nas mastites puerperais é a adesão da paciente ao tratamento pelo medo do comprometimento do recém- nascido.
Medidas sintomáticas para controle da dor e febre com associação de antiinflamatórios e antitérmicos devem ser sempre associadas.
Como a estase láctea é facilitador do processo infeccioso, é imperativo o esvaziamento mamário na vigência destes quadros. A amamentação deve ser mantida, só deve ser interrompida se ocorrer saída de pus, sendo assim devemos esvaziá-la através de ordenha ou bombas de sucção. As mamas devem ser adequadamente suspensas com sutiã apropriado.
A prevenção se faz com medidas de higiene adequadas, orientações quanto às técnicas de amamentação e tratamento dos traumas mamilares.